sexta-feira, 12 de junho de 2020

Padre António Vieira, defensor dos índios e dos escravos negros



O profundo humanista que foi Padre António Vieira não podia ficar indiferente à brutalidade com que os ameríndios e os escravos negros eram tratados no Brasil. Uma prática, aliás, consentida por toda a Europa colonizadora. O missionário tudo viu e tudo denunciou na corte portuguesa. O que pedia era dignidade e tolerância para com os povos subjugados. Os índios chamavam-lhe o «Padre Grande».
Ainda não tinha chegado aos vinte anos e já António Vieira missionava entre os índios e os escravos negros nos arredores da Baía, então capital do Brasil. Sabia o suficiente das línguas tribais – o tupi-guarani e o quimbundo – para espalhar a palavra de Deus e converter as almas simples ao projeto da cristandade. Aqui, junto destas comunidades, começa a ensaiar o estilo dos sermões que o hão de tornar famoso. O trabalho de evangelização aproxima-o destes povos; a eles se afeiçoa e dedica e por eles é respeitado.

Payassu, o Padre Grande, como é conhecido entre os indígenas, vai defendê-los junto do rei, reclamar que sejam tratados como seres humanos e não como animais de carga. As barbaridades praticadas pelos colonos brancos são um atentado à consciência humanista do padre jesuíta.

As denúncias constantes resultam na fúria dos senhores e num decreto-lei que impede a “escravidão feroz”. Mas, como aqui é explicado pelo professor José Pedro Paiva, do Instituto de História e Teoria das Ideias da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Padre António Vieira, ao contrário do que se diz e pensa, não chegou a propor a abolição da escravatura, até porque no seu tempo, no século XVII, era um mal necessário à produção de riqueza na Europa.

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